quarta-feira, 30 de março de 2011

Num espaço sideral qualquer as ondas de luzes das milhares de estrelas passavam pela janela selada a vácuo. Os metais e botões da cabine da nave eram de metal cromado e o ambiente de gravidade zero permitia aos tripulantes movimentos inusitados. O odor daquele futurístico transporte era de plástico novo e os ruídos das máquinas refinadas sugeria anos de evolução na exploração do espaço. Pequenos cometas passavam ao longe e nenhuma tremulação atingia a nave. O movimento era calmo e relaxante. Por fim, via-se um planeta e sua atmosfera bem delimitada gases de cores frias.



Num estalo e em fogos incandescentes a explosão repetina do transformador de voltagem central provocou um grande Black-out. O centro da cidade rapidamente ficou movimentado, pessoas corriam em direção aos seus veículos, donos de lojas reparavam suas mercadorias e cachorros de rua latiam por nenhum motivo aparente. As mães tratavam logo de segurar bem forte nos pequenos e frágeis braços de seus filhos evitando perdê-los. As luzes de emergência ficaram de prontidão em poucos segundos, mas foi insuficiente para segurar o berro de uma bebe no colo de seu pai que se assustava com os vultos apressados ao seu redor. No ar ficava o cheiro de fio queimado do transformador que se misturava com a gordura dos lanches que vendiam colesterol . Em alguns minutos toda a agonia foi cessada e, como abelhas mansas, as pessoas diminuíram seus passos indo em direção as suas casas.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Tv e você

Pessoal! desculpe ficar tanto tempo sem postar nada.Voltei de viagem dia 10 e estava organizando minha vida(matrículas, casa e tal..).


Atualmente não se tem dúvida do grande poder e importância social que a TV possui. Este meio de comunicação atua em nível nacional abrangendo quase todas as classes sociais e permeando desde a área do entretenimento até a política, aborda também temas sociais, morais e científicos. Cabe a cada cidadão discernir o que seja útil ao seu intelecto e o que possa ser um sofisma.



Inicialmente a televisão é responsável por uma fragilização familiar. Cada integrante recebe uma grande quantidade de informações num curto intervalo de tempo o que interfere na sua análise crítica de determinado programa. A comunicação familiar perde a importância e o relacionamento do meio se torna frágil.



A televisão possui um grande raio na abordagem de temas. O consumismo, por exemplo, ganha relevância nas inúmeras propagandas altamente apelativas, frases como ‘’compre agora este produto’’ ou ‘’você precisa disto’’ tornaram-se tão rotineiras e pouco perceptíveis que muitas pessoas deixam-se levar pelo consumismo. Esse marketing vem acompanhado de um erotismo sem precedentes, a sensualidade está presente em comerciais de cerveja ou de automóveis enquanto que milhares de crianças assistem a tal programação. A influência comportamental é outro ponto importante. Moda, falas e comportamentos transmitidos em novelas e reality show são rapidamente difundidos no meio social sem antes haver uma percepção crítica do seu significado.







A televisão também delimita as condições sociais e chega a concretizar os preconceitos. Em novelas, por exemplo, salvo exceções, a pessoa negra fica em papéis subalternos representando marginais, prostitutas, empregadas etc. Passando a idéia de que o negro não tem capacidade de ascender na vida ou que se delimita a esses protótipos na sociedade. Mas a influência maior da televisão é na política. A mídia defende que seu papel é imparcial quanto a esse aspecto, embora seja nítida sua decisão quanto ao apoio a determinados políticos, a rede Roberto Marinho, por exemplo, tem o poder de derrubar ou eleger um presidente selecionando quais notícias divulgar. Essa confluência com a política deriva dos tempos militares em que a rede Globo era parceira do governo.
Apesar de esse meio apresentar vários pontos negativos, há ainda programas que podem oferecer algo bom para a sociedade tais como: conhecimento científico, atividades educacionais, integração social, capital social e seu papel maior, o entretenimento.


As bases positivas da televisão existem, mas não ganham importância. O canal cultura, por exemplo, apresenta um rico conteúdo informacional, embora seja desvalorizado. A tevê evoluiu bastante ao abordar temas considerados tabus. A presença maior de lésbicas, gays, deficientes e outros proporcionam um novo ângulo de visão para os telespectadores no sentido de solidariedade e compaixão. Mesmo que esse papel seja fictício, já se tem um bom começo para a evolução do caráter social.



Nota-se a importância da percepção minuciosa pela qual a TV deve passar. Este poderoso meio já faz parte das nossas vidas e influência em vários aspectos do cotidiano. A televisão apresenta aspectos positivos e negativos e o caráter crítico ou a falta dele é que a torna maléfica ou benéfica para nossas vidas.




tchau pessoal!! boa leitura...comentários são bem vindos..

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Vidro e abismo, Castanhas na mão...

Olá pessoal, o tema sobre o qual eu vou falar nesse post mexe bastante comigo. Tenho enxergado algumas situações que me incentivaram a escrever esse texto e aumentaram minha atitude de reflexão. Aviso a vocês que enxergar é diferente de ver. Quando vemos não prestamos atenção, nosso cérebro não investiga o que certa paisagem ou pessoa significa no momento, apenas analisa rapidamente e armazena a situação. Quando enxergamos é diferente: percebemos o verdadeiro significado seja lá o que estiver acontecendo na sua frente. Peço aos meus poucos leitores que daqui em diante não apenas vejam o mundo de forma natural. Enxerguem as injustiças e desigualdades. Neste momento eu estou no meu quarto com o ar condicionado ligado, protegido do nosso perigoso mundo e , provavelmente, outro adolescente esteja nas ruas sendo vítima das drogas e violência.



Ok, vamos lá!!



Em Janeiro viajei para o Nordeste, mais especificamente para os estados de Rio Grande do Norte, Recife e Alagoas. Numa dessas cidades o carro em que eu estava parou num sinal de trânsito em alguma avenida qualquer. De forma inesperada apareceu um menino que aparentava uns doze anos pelo aspecto físico, mas em termos de maturidade poderia ter uns vinte. Pediu um trocado e nada mais. Naquele momento o que aparentemente me separava do garoto era apenas o vidro do carro. Há muitos pedintes em cruzamentos e esquinas, mas o garoto tinha algo diferente que me fez enxergá-lo de outra forma.


Pensando depois no que havia ocorrido fiz uma retomada dos meses anteriores e das conversas que escutei . Na minha festa de formatura ouvi alguns oradores e colegas falando que somos vitoriosos e batalhadores. Sinceramente, não me sinto vitorioso. Encarar vestibular ou estudar 16 anos na vida não é uma guerra e sim um privilégio, e de poucos. Graças ao aconchego do meu lar, da estabilidade financeira da minha família e do carinho e proteção que recebi de meus pais consegui algumas conquistas. Tudo isso é fruto das OPORTUNIDADES que tive.



Acredito que a vida de cada pessoa é marcada por quantas OPORTUNIDADES teve. Sim, é claro que tem pessoa que não aproveita as opotunidades surgidas. Mas os outro que nem oportunidades tiveram? Aqueles que não puderam estudar, brincar e ser vitoriosos na vida (como nas conversas que escutei) o que acontece com eles?



Bem, a resposta pra essa última pergunta pode ser respondida pela imagem no trânsito que eu vi. Jovens vão para as ruas, tornam-se pedintes ou na pior das situações ficam presos a um vício.

Exalto com todo respeito os verdadeiros vitoriosos e batalhadores. Jovens que mesmo vivendo em locais marcados pela violência e o vício, não se corrompem, tentam sustentar a família e lutam para permanecer na escola. Esses sim merecem destaque. Mesmo sem enxergar oportunidades no seu horizonte, seguem o caminho estreito e difícil da vida ética.



Um desses jovens é o Antônio( não é nome fictício). Na verdade já o conhecia de vista antes de saber seu nome. Certo sábado de manhã peguei um ônibus e fui pra escola. Sentei numas cadeiras atrás de Antônio e comecei a repará-lo. Seus chinelos velhos e rasgados, um olhar triste, a roupa um pouco encardida e com algumas castanhas na mão pra vender....Confesso que fiquei com nojo de mim mesmo, não gosto de comparações e era justamente o que eu estava fazendo. Mas ao enxergá-lo daquela forma tentei imaginá-lo na minha situação. Será que ele não estaria mais feliz que eu em estudar em pleno sábado? Será que ele gostava de estudar como eu?

Talvez sim, talvez não....o que importa é que ele não teve oportunidades. Soube de sua estória pela minha vizinha: o padastro proibiu o seu estudo, obrigou a trabalhar e ainda fica com todo seu dinheiro. A culpa por ele estar assim é minha? é nossa? Sou muito ingênuo pra responder essa pergunta, mas espero que um dia possa ajudá-lo.

Por fim....para muitos o que estaria me separando do garoto do trânsito seria apenas o vidro do carro, mas pra mim o que nos separa é um abismo de diferenças.Diferenças que marcam o nosso mundo.

Se ao invés de livros eu estivesse com castanhas na mão, minha vida poderia ser diferente, meus privilégios não seriam os mesmos e nesse momento estaria procurando o meu sustento nas ruas.

Então, como conselho de amigo peço que aproveitem as oportunidades, nosso bem-estar, nossas capacidades para que possamos mudar o futuro e atenuar as desigualdades

Não vejam, mas ENXERGUEM.....





quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Tome Captopril, Lula....

Esse é o nome do remédio que provavelmente o nosso presidente tomou quando teve uma crise cardivascular(pressão alta) na semana passada. Rapidamente jornais de todo o Brasil divulgaram o mal-estar de Lula. Mas os olhos curiosos da mídia não mudam seu ângulo de visão para as centenas de idosos que aguardam na fila do SUS(Sistema Único de Saúde) umas poucas pílulas desse milagroso remédio.



Tenho respeito pelo presidente Lula e toda a sua biografia mas também respeito o Sr. José, o Antônio, o Raimundo e a Sra. Maria e dona Conceição(pessoas fictícias). Muitos idosos, atualmente, permanecem em trabalhos braçais como única saída para o sustento da família. O olhar cansado, as mãos calejadas e a tristeza no rosto são as consequências do trabalho do idoso. Sem um futuro definido e nem mesmo uma aposentadoria compatível com o custo de vida atual, a geração que tanto trabalhou pelo Brasil não recebe sua recompensa e sofre com a desiguldade impetuosa.


Mas a situação financeira desfavorável não é o único problema na vida da terceira idade. Depender de um sistema de saúde precário compromete a vida de milhares idosos brasileiros. A burocracia e a corrupção, presente até mesmo no setor médico, atingem os indices de mortalidade do idoso. Mas o que a notícia de Lula tem a ver com isso? Tudo. Pessoas morrem nas filas devido à falta de medicamentos e funcionários. Talvez , o Sr. João(pessoa fictícia) tenha sentido um aritmia cardiovascular nessa tarde.Sem medicamento e atendimento médico, morreu em casa. Onde está a imprenssa? Por que não divulgaram?Não divulgam porque o idoso não é valorizado no nosso país, porque o Lula representa o ufanismo ultrapassado e o governo fecha os olhos pra uma parcela da população que guarda a sabedoria e a experiência.


O Sr. João iria aproveitar por mais tempo um estágio da vida que merece repouso e tranquilidade. Iria colher o que semeou pela vida toda, se orgulhar das sua realizações e até mesmo continuar a fazê-las. Mas o seu país injusto não lhe salvou, e de forma ingrata preferiu fussar e idolatrar a vida de um ícone.












Olha o Enem pessoal!!!

Essa era a frase que uma colega minha repetia em sala de aula em periodos alternados por sonos de extremo cansaço e breves momentos de consciência(confesso que era motivos de resadas). O ano de 2009 foi muito atribulado para os vestibulandos de todo o Brasil e o início de 2010 revela o triste resultado de um plano mal elaborado.
O Novo Enem prometia uma avaliação diferente do vestibular tradicional: uma mesma prova para todos os vestibulandos analisando o raciocínio lógico e a rapidez na elaboração das respostas. De forma precipitada e ingênua o Governo Brasileiro adiantou seu planos e apresentou a proposta às universidades federais. O Enem provocou uma mudança radical no planejamento dos professores, provas com uma nova roupagem foram elaboradas(pelo menos no meu colégio) e o esforço foi geral.
Talvez um ditado que se encaixe nessa situação seja o ``quem tem pressa come cru``. E o resultado não poderia ser outro a não ser o fracasso. Inicialmente, houve casos em que o questionário sócio-econômico nem chegou ao destinatário, ocorreu o vazamento da prova e, devido a falta de informação quanto ao fuso horário, no primeiro dia da prova quase metade dos candidatos ficaram do lado de fora dos portões.
Cerca de dois meses depois os candidatos são subjugados a uma espécie de plataforma de classificação.Mas o MEC e seus encarregados esqueceram que são cerca de 3 milhões de pessoas no mesmo site lutando para se encaixarem em algum curso. É óbvio até para um leigo que se milhares de pessoas estão visitando um mesmo site ocorrerá engarrafamento e outros internautas nem mesmo acessá-lo-ão. Foi o que ocorreu. De forma excludente, vários candidatos não obtêm êxito na abertura da página da web e ficam absortos. É como uma loteria, talvez você ganhe ou não.
Eu passei em um vestibular seriado da minha cidade, logo, não tive a necessidade de competir por uma vaga no sistema do Enem, mas tive a curiosidade de ver minha nota. Tentei várias vezes e consegui ver meus resultados, entretanto, não consegui acessar o SISU(Sistema de Seleção Unificada). Enquanto isso, a mídia afiram veemente que o site está operante e sem problemas e não divulgam as mais de 13 mil reclamações feitas até agora via internet.
Enxerguei de perto a infelicidade de alguns colegas meus e admito que tive pena deles.Uma mistura de apreensão, agonia e estresse fui observando nesses dias. Estou 7 anos(desde o fundamental) me preparando para um estilo de prova e no último ano letivo mudam completamente o sistema.Mesmo que não seja vítima desse fracassado plano educacional, não posso deixar de criticar o Novo Enem.E tem sido esse o resultado melancólico de um plano que logo de início começou mal e promete terminar pior